Somos tod@s Enver José: Voltando à mesa
do Juiz
Desde o final
de dezembro de 2010 ocorreram várias mobilizações populares em todo Brasil contra
o aumento abusivo do preço da passagem e a má qualidade dos serviços de
transporte coletivo, pressionando nas ruas, os governos e empresários por um
modelo justo de mobilidade urbana que atenda às necessidades dos trabalhadores
e trabalhadoras brasileiras. A organização e mobilização popular sempre se
fizeram necessárias para que qualquer transformação social pudesse ocorrer
neste país. Esse é o real papel que os movimentos sociais tem cumprido:
reivindicar em todos os espaços públicos, nas ruas e praças, por melhores
condições de vida, de trabalho, saúde e educação da população.
O companheiro
Enver José Lopes Cabral, militante do Movimento Contra o Aumento JP e, na
época, membro do Diretório Central dos Estudantes da UFPB (Gestão ViraMundo),
que denunciou as condições precárias de trabalho dos motoristas e cobradores,
que questionou a planilha de custos das empresas concessionárias do transporte,
que destacou o preço abusivo da tarifa, que lutou ao lado de estudantes
secundaristas e universitários, com trabalhadores e trabalhadoras – está sendo
acusado de “tentativa de homicídio por arremessar um artefato em um ônibus com
efeitos análogos ao engenho de uma dinamite” e por “arremessar uma bola de
sinuca” na cabeça de um motorista, podendo pagar injustamente por uma pena
entre 3 e 6 anos de reclusão.
As tentativas
de frear o movimento foram diversas do fim de 2010 pra cá: criaram entidades
fantasmas que apoiavam o aumento da tarifa; compraram sindicatos de motoristas
e cobradores para estar contra os estudantes nas ruas; pagaram pessoas fardadas
de motoristas para baterem nos estudantes; não atenderam algumas reivindicações
e tomaram outras por aceitas para depois não executá-las, etc. Agora, tentam
criminalizar o movimento, acusam de criminoso a liderança estudantil, Enver
José, que fez parte do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT) e
teve sua participação diluída diante do interesse empresarial de aumentar a
tarifa de ônibus.
Usar o
Direito como meio de repressão e freio aos Movimentos Sociais Populares não é
incomum no modelo de sociedade que estamos. O uso da técnica legalista e dos
aparelhos institucionais de poder e repressão servem a quem está dominando a
situação, ou seja, serve a quem detém o poder econômico, neste caso, serve aos
Empresários do Transporte.
Comprovamos isso localmente, já que, desde o
fim de 2010, a população pede uma auditoria ao Ministério Público das empresas
que receberam concessão pública municipal para fornecimento de transporte
público. Até agora nenhuma providência foi tomada.
Não é
criativa, mas ainda é eficaz, a tentativa de colocar o nome de “criminoso” num
defensor popular de direitos para colocá-lo sob os olhares de reprovação da
sociedade. É necessário deslegitimar esse jus operandi de
perpetuação da dominação pela disseminação de sensos comuns inventados de que
os movimentos sociais são baderneiros e nocivos à população. Desconstruir esses
discursos que escondem a luta por Direitos, num momento em que estes são
transformados em mercadorias, no decorrer “natural” do sistema, não é
fácil. A alternativa a esse modelo de sociedade é a resistência.
A unidade
precisa mostrar a força de quem luta contra o crime organizado das
instituições. É aquilo que ouvíamos nos protestos pacíficos: “Criminoso é esse
aumento, dois e dez é um assalto”! Enquanto tentam minar a discussão política
que contorna todo o direito de ir e vir dentro de João Pessoa, colhemos forças
para que os Movimentos e as Organizações Populares estejam em alerta contra
esta e outras criminalizações.
Em João
Pessoa o Movimento Estudantil, junto com outros setores de organização popular,
mobilizou @s estudantes da UFPB numa Caminhada em Solidariedade a Enver Cabral
e Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais no dia 23 de Março, ainda, pelo
país foram recolhidas assinaturas de movimentos sociais, organizações,
universidades e pessoas que estão indignadas com as acusações levantadas.
As primeiras
audiências aconteceram dias 26 e 27 de Março deste ano, com suas continuações
remarcadas para 11 de Julho e 21 de Agosto, respectivamente. Nesta próxima
terça-feira Enver volta à mesa do Juiz para responder um processo calunioso.
Empresários, não temos medo. Não é por isso que estudantes secundaristas de
João Pessoa deixarão de lutar pelo Passe Livre estudantil, que estudantes
deixarão de lutar contra a máfia das carteirinhas de João Pessoa e que a
sociedade deixará de combater os aumentos abusivos da passagem!
Contra a criminalização do Movimento
Estudantil:
Somos tod@s Enver José!
Lizi Correia - Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru
Lizi Correia - Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru
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