terça-feira, 2 de novembro de 2010

Do desenrolar ... ao desabrochar : (NEP) Flor de Mandacaru

É no dia 12 de Novembro que o nosso projeto, conhecido carinhosamente por DHGV, termina. Nesse dia fecharemos as atividades nos CRCs com o Seminário "Proposição, intenção e extensão: os encontros e desencontros no diálogo da cidadania e dos direitos humanos". É nele que vamos expor para os CRCs onde tivemos alguma atividade, -e para os outros oito - o que aprendemos, o que achamos positivo, onde falhamos. E, claro que, também vamos ouvir do pessoal o que acharam de tudo.

A proposta inicial do DHGV foi levada, ou seja, atuamos com uma certa intenção, mas, na extensão, os caminhos são tão diversos e embaralhados que, a nossa proposta , também, tomou rumos diversos. Trabalhar com pessoas significa aprender com pessoas : que vivem em um determinado local, contexto, esfera política e possuem interesses/desejos diversos. Portanto, fica difícil delimitar quais as condicionantes nos levaram à um resultado aparentemente inesperado.

O "aparentemente" - também justificado pelo pouco tempo de atuação nas comunidades (Jardim Veneza e Mangabeira) - pode não ter sido aparente para outros estudantes colaboradores extensionistas. Isso porque, eu, ainda não consegui aprender com os processos e a não me frustrar. Ter o desejo de participar de uma mudança radical na nossa sociedade, mesmo que seja pontual, em determinado bairro da minha cidade, me faz não considerar que o pouco tempo de projeto (sete meses) trouxe algum resultado sólido. Não esquecendo que foi ímpar a experiência de conhecer os choques de interesses que permeiam a comunidade do Timbó, e também, de acompanhar de perto o trabalho e relatos dos extensionistas do Jardim Veneza e de Mangabeira.

Foi por acreditar que bastavamo o planejamento e a vontade de transformar a realidade daquelas pessoas, de parte da minha sociedade, através de sua união para luta e concretização de interesses coletivos combatendo aquilo/àqueles/as que estivessem dispostos a negar direitos assegurados, que eu não enxerguei(enxergo) um resultado.

Afinal, no desenrolar da extensão, percebemos o quanto é difícil tornar visível a todos que o interesse de um indivíduo também pode ser o dos outros, e que, é mais fácil criarmos um sentimento conjunto de desejo pela concretização de tal interesse e lutarmos por ele juntos, fortes, do que, esperarmos que o Estado ou a Prefeitura venham a cada um de nós e nos tragam o nosso direito, seja ele qual for.

Mas, ainda no desenrolar da extensão, posso dizer que um dos desencontros tenha sido a metodologia que focasse o engajamento daquelas pessoas. Talvez tenhamos errado por ter levado às pessoas oficinas, mesmo quando com dinâmicas diferentes e divertidas. Do mesmo modo, ao mesmo tempo, os encontros apareceram nessas dinâmicas, através delas ouvimos, falamos, trocamos, dialogamos.

Fazendo um resumão, bem supercial, digo que no Jardim Veneza as pessoas participavam das oficinas; em Mangabeira o desenrolar do projeto o transformou numa assessoria à um grupo limitado de pessoas que queriam regularizar uma associação de artesãos; e, no já tão falado Timbó, o projeto não chegou a atuar.

Em uma das reuniões internas de avaliação, percebemos que o propósito em Mangabeira havia se perdido, e que, por isso, não continuaríamos a trabalhar com o pessoal da ASSAM, passaríamos a bola para outro grupo da UFPB (o NAJAC). A avaliação do Jardim Veneza foi a positiva. O grupo de participantes da comunidade era diversificado. Muitos eram empregados da Prefeitura ou do Estado (agentes de saúde, professores, alunos do PET, etc). As oficinas ocorreram bem, os temas trabalhados se relacionavam com cidadania e acesso à justiça, as pessoas dialogavam sobre os problemas enfrentados pela comunidade.
-----------------------
Infelizmente, por conta de um projeto novo da UFPB, o CRDH, os professores que estavam envolvidos no DHGV colocaram em cheque a existência do nosso grupo de extensão. Nesse tempo, o finado grupo do Timbó, estava se preparando para em 2011 atuar em Mangabeira sob outro viés (o Pro-Jovem). Então, a partir da notícia, coube a nós, extensionistas, decidirmos os rumos do DHGV.

Tínhamos as opções de: a) findar de vez; b) atuar ainda como projeto vinculado à PMJP; c) atuar como um eixo do NEP - com ou sem PMJP ; d) atuar fora do vínculo com a PMJP; e) atuar no NEP, não atuar mais nessas comunidades.

O NEP é o Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru, um grupo de extensionistas que trabalham com formações internas para a extensão popular, gestionado pelos próprios estudantes, assessorando através [também] da educação popular grupos já organizados, desde 2007. Esse ano, constituíram o NEP três eixos: Terra, Quilombo e Mediação de Conflitos/Justiça Comunitária.

Não está claro ainda se o CRC do Jardim Veneza, via PMJP, será um novo eixo do NEP. Isto porque, foi apontado em uma das reuniõe do NEP, que talvez não fosse interessante o trabalho de mobilização de grupos dentro de um possível sujeito de enfrentamento: a prefeitura. Além do mais, nenhum dos extensionistas do JV apareceu na reunião e disse com todas as palavras que gostaria de trabalhar no CRC, dando continuidade ao que jpa vinha sendo posto. Por isso, ainda, não ficou-se de vez definido o destino do DHGV.

Mas, mesmo assim, o meu posicionamento
foi tomado. Espero atuar no NEP, fora dos CRCs, fora da PMJP, fora do Estado. Não por descrença total na prefeitura, nem descrença total de que as oficinas tomem outros rumos. Mas por interesse em outros meios, em meios já organizados, e também, meios vulneráveis. Esse novo meio seria o MTD - Movimento dos Trabalhadores Desempregados.

Esses encontros e desencontros, dentro e fora da universidade, criaram muitas expectativas, ampliando minhas visões sobre o curso e sobre o desenrolar do curso. Fico feliz que no fim, esse desenrolar do projeto tenha me levado a conhecer mais coisas. Agora é só esperar: enrolar e desenrolar, me frustrar, e - hahaha - aprender no processo. :)