sábado, 28 de maio de 2011

É nome no progresso de alguns



Quem precisa de ordem pra moldar?
Quem precisa de ordem pra pintar?
Quem precisa de ordem pra esculpir?
Quem precisa de ordem pra narrar?
Quem precisa de ordem?

Agora uma fabulazinha
Me falaram sobre uma floresta distante
Onde uma história triste aconteceu
No tempo em que os pássaros falavam
Os urubus, bichos altivos, mas sem dotes para o canto
Resolveram, mesmo contra a natureza, que haviam de se tornar grandes cantores
Abriram escolas e importaram professores
Aprenderam dó ré mi fá sol lá si
Encomendaram diplomas e combinaram provas entre si
Para escolher quais deles passariam a mandar nos demais
A partir daí, criaram concursos e inventaram títulos pomposos
Cada urubuzinho aprendiz sonhava um dia se tornar um ilustre urubu titular
A fim de ser chamado por vossa excelência

Quem precisa de ordem?
Quem precisa de ordem pra escrever?
Quem precisa de ordem?
Quem precisa de ordem pra rimar?
Quem precisa de ordem?

Passaram-se décadas até que a patética harmonia dos urubus maestros
Foi abalada com a invasão da floresta por canários tagarelas
Que faziam coro com periquitos festivos e serenatas com sabiás
Os velhos urubus encrespados entortaram o bico e convocaram canários e periquitos e sabiás
Para um rigoroso inquérito
"Cada os documentos de seus concursos?" indagaram
E os pobres passarinhos se olharam assustados
Nunca haviam freqüentado escola de canto pois o canto nascera com eles
Seu canto era tão natural que nunca se preocuparam em provar que sabiam cantar
Naturalmente cantavam
"Não, não, não assim não pode, cantar sem os documentos devidos é um desrespeito a ordem!"
Bradaram os urubus
E em uníssono expulsaram da floresta os inofensivos passarinhos
Que ousavam cantar sem alvarás
Moral da história: em terra de urubus diplomados não se ouve os cantos dos sabiás

Quem precisa de ordem pra dançar?
Quem precisa de ordem pra contar?
Quem precisa de ordem pra inventar?

Gonzagão, Moringueira
precisa o quê??
Dona Selma, Adoniran
precisa não!
Chico Science, Armstrong
precisa o quê??
Dona Ivone, Dorival
precisa não!

Muito Obrigado - Mundo Livre S/A

terça-feira, 24 de maio de 2011

Criminoso é esse aumento!

  A estratégia de criminalizar o Movimento Contra o Aumento da Passagem em João Pessoa


Enquanto nada se faz para descobrir o real lucro dos empresários do Transporte Público de João Pessoa, tentam frear o Movimento de Luta pelo Acesso à Cidade.

O companheiro Enver José Lopes Cabral, militante do Movimento Contra o Aumento JP e do Diretório Central dos Estudantes da UFPB (Gestão ViraMundo), que denunciou as condições precárias de trabalho dos motoristas e cobradores, que questionou a planilha de custos das empresas concessionárias do transporte, que destacou o preço abusivo da tarifa, que lutou ao lado de estudantes secundaristas e universitários, com trabalhadores e trabalhadoras – está sendo acusado por tentativa de homicídio por arremessar um artefato em um ônibus com efeitos análogos ao engenho de uma dinamite”.

As tentativas de frear o movimento foram diversas do fim de 2010 pra cá: criaram entidades fantasmas que apoiavam o aumento da tarifa; compraram sindicatos de motoristas e cobradores para estar contra os estudantes nas ruas; pagaram pessoas fardadas de motoristas para baterem nos estudantes; não atenderam algumas reivindicações e tomaram outras por aceitas para depois não executá-las, etc. Agora, tentam criminalizar o movimento, acusam de criminoso a liderança estudantil que fez parte do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT) e que teve sua participação diluída diante do interesse empresarial de aumentar a tarifa de ônibus.
         
         Usar o Direito como meio de repressão e freio aos Movimentos Sociais Populares não é incomum no modelo de sociedade que estamos. O uso da técnica legalista e dos aparelhos institucionais de poder e repressão servem a quem está dominando a situação, ou seja, serve a quem detém o poder econômico. Comprovamos isso localmente, já que, desde o fim de 2010, a população pede uma auditoria ao Ministério Público das empresas que receberam concessão pública municipal para fornecimento de transporte público. Até agora nenhuma providência foi tomada. Hoje, o transporte se tornou um gasto maior que a alimentação para as famílias pessoenses, ou seja, para a população que não detém o poder econômico. Por isso, nada mais justo que defender o direito do cidadão de pagar uma tarifa menor e adequada à realidade material, seja pela má qualidade do serviço, seja pelo custo. Ou seja, a Justiça devia estar ao lado do povo. No entanto, o direito aqui não é do povo, mas de quem está no comando.

         Não é criativa, mas ainda é eficaz, a tentativa de colocar o nome de “criminoso” num defensor popular de direitos para colocá-lo sob olhares de reprovação da sociedade. É necessário deslegitimar esse jus operandi de perpetuação da dominação pela disseminação de sensos comuns inventados de que os movimentos sociais são baderneiros e nocivos à população. Desconstruir esses discursos que escondem a luta por Direitos, num momento em que estes são transformados em mercadorias, no decorrer “natural” do sistema, não é fácil.  A alternativa a esse modelo de sociedade é a resistência. A unidade precisa mostrar a força de quem luta contra o crime organizado das instituições. É aquilo que ouvimos nos protestos pacíficos: “Criminoso é esse aumento, dois e dez é um assalto!” 

       Enquanto tentam minar a discussão política que contorna todo o direito de ir e vir dentro de João Pessoa, colhemos forças para que os Movimentos e as Organizações Populares estejam em alerta contra esta e outras criminalizações: que as discussões reais não se percam e que as lutas não parem na espera de um Ministério Público decente ou de uma justiça coerente.


Todo apoio a Enver José Lopes Cabral! Lutar não é crime!

quinta-feira, 19 de maio de 2011



A Máquina
trabalha com secos e molhados
é ninfômana
agarra seus homens
vai a chás de caridade
ajuda os mais fracos a passarem fome
e dá as crianças o direito inalienável ao
sofrimento na forma e de acordo com
a lei e as possibilidades de cada uma

[Manoel de Barros]


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Enquanto houver dominação e exploração.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

iimaagoo ~ Sistemas de Referência

É ao julgar sobre a concordância ou a discordância de um dado sensível, seja com o sistema do meu universo exterior atual, seja com o de minha imaginação (que provas longas e incessantes me ensinaram a distinguir do primeiro), é ao fazer juízos de comparação, de adequação, de inadequação, de dependência, etc., que eu classifico uma impressão entre as percepções reais ou entre as imagens.
Spaier ~ p.120